terça-feira, 2 de outubro de 2012

Voltaire - Pequena Digressão

Um cego guiando outro cego...


2 comentários:

  1. François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire (Paris, 21 de novembro de 1694 — Paris, 30 de maio de 1778), foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês.

    Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio. É uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos.

    Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke.

    Fonte:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire

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  2. A Aventura da Memória e Outros Contos
    Voltaire, 2009

    Por entre a desmesura da obra de Voltaire (o anagrama que François-Marie Arouet adoptou na ocasião de uma das suas encarcerações na Bastilha, e que haveria de o consagrar como um dos mais autores mais universalmente aclamados), em que cabem a filosofia, a poesia, o teatro a ficção e, sobretudo, uma correspondência que poderia, por si só, garantir-lhe a imortalidade, poderão destacar-se, hoje, sobretudo, narrativas como Zadig, Micromégas, Cândido, ou obras de pendor filosófico e ensaístico, como os Elementos da Filosofia de Newton, o Tratado da Metafísica, ou as suas Cartas Filosóficas.

    A generosa escolha da sua ficção breve, concretizada no atraente volume A Aventura da Memória e Outros Contos, é bem um sinal da vitalidade e da valia das suas incursões narrativas. Escritos num estilo escorreito e sóbrio, pautado por um corrosivo sentido de humor pleno de irreverência, os seus contos – alguns dos quais miniaturais pérolas – dão pleno corpo ao famigerado sorriso de Voltaire. O boicote, por exemplo, ao convencionalismo estilístico e processual da alambicada literatura sentimentalista, parodiada nos seus derrames – «A noite tinha estendido os seus véus sobre o horizonte, e ocultava na sua sombra a felicidade genuína de Mesrour, e os pretensos infortúnios de Mélinade.» (p.11) –, revela até que ponto se estende a sua acção demolidora, a mesma que tantos inimigos lhe granjeou, perigos lhe fez passar, tanta andarilha inquietação motivou, até à provecta idade com que viria a morrer (Voltaire nascera em 1694 e morreria em 1778), após ter sido como que a representação viva do espírito inquieto e insubordinado das Luzes. Acresce que, como notam os organizadores, alguns dos contos aqui antologiados abrem caminho para posteriores conseguimentos: por exemplo, Micromégas teria sido preludiado pelos chamados contos filosóficos, de que «Sonho de Platão» poderia ter sido uma primeira faúlha – «É fácil criticar. Pensais que é assim tão simples fazer um animal que seja sempre racional, que seja livre, e que nunca abuse da sua liberdade?» (p.34) De resto, o conto epónimo – um brilhante divertimento a servir o propósito de opor, alegoricamente, racionalismo e empirismo – surgiu, lembram as proveitosas notas (notáveis, na segura brevidade da sua erudição), como crítica velada aos inimigos da razão – ou, melhor dito, do conhecimento –, nomeadamente os que por ela deveriam zelar – instituições e poderes – e os símbolos da superstição – deuses e demais panteão. Nesta coruscante sequência narrativa, os deuses – particularmente, as musas – castigam, pela sua afronta ao poder e importância da memória, privando-o dela, «o género humano pensante» (p.93), na acerba pena de Voltaire, «a centésima parte do género humano, se tanto» (id.).

    Fonte:
    http://www.rascunho.net/critica.php?id=1694

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