segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Grande Duelo, poema de Herman Schmitz

O Grande Duelo

O Grande Duelo

Por Herman Schmitz

 

Meu Deus,

Dai-me a força e a coragem

De contemplar meu corpo e minha alma

Sem desgosto.

Charles Baudelaire

 

Para ser um Homem, um homem completo

O momento preciso não basta

Há que ser relâmpago

Ter a rapidez do cirurgião

E o domínio exercitado de si mesmo

 

zumbe, entra, sai

Sobe e desce voando

criatura de si mesmo

 

repentinamente: degraus desconhecidos

despenham-se adiante

transportando pavor e incredulidade

 

— Adiante! Adiante!

 

Correr eternamente

A saltar obstáculos e obstruções

— Maratona da vida

 

Sorver de um só fôlego todo o ar e transpirar sempre

Sempre mais além,

Somente um pouco mais…

 

E nunca se chegará ao fim

Homem-Universo:

Quanto mais do fim se avança

Tanto mais é a distancia

É tudo relativo

Relativo a quem vê

 

Quando o universo se expande

Há segurança e vitalidade

Quando se contrai

Há dor e futilidade

 

Somos dois eus

Nos encostamos

Espádua contra espádua

Um roçar impertinente e impetuoso

 

— Atire! Atire!

E nos atiramos no vazio

Como que a preencher este vácuo que nos rodeia

 

Ambições, estigmas e falsidades

Cotidiano, família e propriedade

Tudo muito simples, claro e inteligível

 

— Meu grande e imenso eu

São só vinte passos;

Nos afastemos e que vença o melhor!

 

Mas ele se nega a lutar

Eu também me recuso a lutar

 

E por fim nos quedamos inertes

Ombro a ombro

 

Ele vê o dia

Enquanto eu vejo a noite

Ele vê o trabalho

Enquanto eu vejo o ócio

 

Ele Vive — Eu sonho

 

©2007 by Herman Schmitz

Nenhum comentário:

Postar um comentário