Como escrevo
Paul Auster (trechos de entrevista a Michael Wood da Paris Review)
ENTREVISTADOR
Vamos começar falando sobre seu método de trabalho. Sobre como o senhor escreve.
PAUL AUSTER
Sempre escrevi à mão. Quase sempre com uma caneta tipo tinteiro, mas às vezes a lápis — especialmente para fazer correções. Se fosse capaz de escrever direto no computador ou numa máquina de escrever, eu escreveria. Mas teclados sempre me intimidaram. Nunca consegui pensar direito com meus dedos naquela posição. Uma caneta é um instrumento muito mais primitivo. A gente sente as palavras saindo do corpo para, então, gravá-las na página. Escrever sempre teve esse caráter tátil para mim. É uma experiência física.
ENTREVISTADOR
E o senhor escreve em cadernos. Não em blocos ou em folhas avulsas.
AUSTER
Sim, sempre em cadernos. E tenho um fetiche em particular pelos cadernos quadriculados — aqueles com quadradinhos no lugar das linhas.
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Extraído de: The Paris Review Interviews
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