terça-feira, 21 de outubro de 2014

Serendipidade — James M. Schlatter

Serendipidade

Em dezembro de 1965, eu estava trabalhando com o Dr. Mazur na síntese do tetrapeptídeo terminal-C da gastrina. Nós estávamos fazendo compostos intermediários e tentando purificá-los. Particularmente, em uma ocasião em dezembro de 1965, eu estava recristalizando o aspartilfenilalanina metil éster (aspartame) que havia sido preparado... e dado a mim pelo Dr. Mazur. Eu estava aquecendo o aspartame em um frasco com metanol quando a mistura pulou para fora do frasco. Como resultado, um pouco do pó ficou nos meus dedos. Um pouco mais tarde, ao lamber meu dedo para pegar uma folha de papel, percebi um sabor doce muito forte. Inicialmente pensei que pudesse haver um pouco de açúcar em minhas mãos do começo do dia; entretanto, eu logo percebi que isso não podia ser verdade, pois eu havia lavado minhas mãos neste meio-tempo. Assim, remontei a origem do pó em minhas mãos até o recipiente no qual havia colocado o aspartilfenilalanina metil éster cristalizado. Achei que este éster dipeptídeo não deveria ser tóxico, e assim provei um pouco dele e descobri que era a substância que eu saboreara anteriormente em meu dedo.

James M. Schlatter — Aspartame: Fisiologia e Bioquímica, 1984.

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