terça-feira, 25 de setembro de 2012

Francis Ponge - Os Prazeres da Porta

Do livro: O Partido das Coisas


2 comentários:

  1. Francis Ponge nasceu no dia 27 de março de 1899, em Montpellier, França. Aos sete anos é iniciado precocemente na música aprendendo a tocar Schumann, entre outros autores clássicos. Desde muito cedo se dedicou ao estudo do Latim e ao significado das palavras, tornando a linguagem, como sua principal preocupação literária ao longo de toda sua obra. Publicou seu primeiro texto, "Sonnet", na revista Presqu'île, em 1916. Estudou Direito e Filosofia na Sorbone não obtendo aprovação na Licenciatura em Filosofia por não conseguir falar no exame oral. Em 1922 se une a Nouvelle Revue Française e aproxima-se dos surrealistas com os quais compartilhava convicções políticas, mas, abandona-os em seguida por não concordar com suas manifestações e freqüentes discussões. Em 1936 torna-se lider sindical dos funcionários da Messageries Hachette e no ano seguinte filia-se ao Partido Comunista Francês e é demitido pela Hachette passando a trabalhar em companhias de seguros. Após ser membro ativo da Resistência Francesa durante a segunda guerra, Ponge assume um posto de chefia no diário Progrès de Lyon onde publica 53 artigos anônimos sob o título Hors Sac. Reconhecido mundialmente por sua obra De parte de las cosas (1942), em que refuta a efusão lírica e a subjetividade descrevendo os objetos cotidianos em uma linguagem aparentemente objetiva e científica. Ponge explora a realidade da língua, que, em sua opinião, dignifica e humaniza todo o ser humano. Em suas descrições um pouco humorísticas, emprega neologismos criados a partir da etimologia das palavras. Esta apreensão do mundo através de vertiginosa profundidade da linguagem foi batizada com o nome de ‘objeu’ e combina as atividades criativas e críticas do escritor.

    Francis Ponge morre no dia 6 de agosto de 1988 em Bar-sur-Loup e no mês de setembro a revista Paris. Tête d'affiche consagra-lhe sua página de capa, com uma homenagem de Jacques Chirac, Prefeito de Paris. No dia 20 de setembro é inaugurada a praça Francis-Ponge em Montpellier e no dia 2 de fevereiro do ano seguinte é emitida pelos Correios da França, a série "Poetas franceses do século XX" (Paul Éluard, André Breton, Louis Aragon, Jacques Prévert, René Char), com um selo contendo a efígie de Francis Ponge.

    Ponge desenvolveu sua prosa poética em Doce pequeños escritos (1926), Poemas (1948), La Rage de l'expression (1952), La gran recopilación (1961, 3 vols.), El jabón (1967) e Fábrica del Prado (1971). Também escreveu ensaios como Pour un Malherbe (1965) e um livro sobre crítica da arte, Estudios de Pintura (1948). Exerceu grande influência no desenvolvimento da 'literatura objetiva’ dos novelistas da década de 1950.

    Fonte:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Ponge

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  2. Em "O Partido das Coisas", o francês Francis Ponge utiliza a linguagem da poesia para se apropriar dos objetos naturais




    Os objetos de Francis Ponge, minuciosamente descritos, ou talvez minuciosamente recriados pelo poeta, começam a circular com mais intensidade pelo Brasil. Dois livros recém-lançados trazem em crítica e tradução a poética desse francês que renegava o rótulo de poeta e que se dizia um "artista em prosa". Trata-se de "O Partido das Coisas", organizado por Ignacio Antonio Neis e Michel Peterson; e de "Francis Ponge - O Objeto em Jogo", ensaio de Leda Tenório da Motta. Ambos publicados pela editora Iluminuras. "O Partido das Coisas" é um dos primeiros e mais significativos livros de Ponge. Saiu em 1942 e reúne uma série de textos, ou poemas em prosa, escritos entre 1924 e 1939.

    Como informa em sua introdução Michel Peterson, professor de literatura francesa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ponge havia pensado em vários títulos para essa coletânea, como "Approbation de la Nature" (Aprovação da Natureza), "Art Poétique" (Arte Poética), "Façons d'Être" (Maneiras de ser) ou "Êtres" (Seres). Sua escolha recaiu exatamente sobre aquilo que seria seu tema por excelência, ou seja, as coisas. Mas isto não significa que os outros títulos já não contivessem também o desejo do escritor, como o de trabalhar em grande parte com temas da natureza circundante. Mas a natureza não entra como reflexo do homem. Pelo menos é isso que ele nos adverte o tempo inteiro: ele procura fazer com que as coisas falem, pois "diriam muito mais do que aquilo que os homens costumam fazê-las significar". É nessa busca que Ponge arrisca toda a sua linguagem, marcada pela descrição minuciosa seja da chuva, de uma ostra, de uma árvore, da água ou de um pedaço de carne. É uma detida lição de coisas, como se observa explicitamente, por exemplo, em "Caracóis": "Mas é aqui que toco num dos pontos principais de sua lição, que, aliás, não lhes é exclusiva, mas que possuem em comum com todos os seres providos de conchas: essa concha, parte de seu ser é ao mesmo tempo obra de arte, monumento. Ela perdura mais tempo que eles. E é este o exemplo que nos dão. Santos, fazem obra de arte de sua vida, obra de arte de seu aperfeiçoamento. Sua própria secreção se produz de modo a se enformar. Nada de exterior a eles, a sua necessidade, a sua precisão, é obra sua. Nada de desproporcional por outro lado a seu ser físico. Nada que não seja necessário, obrigatório".

    Fonte:
    http://www.jornaldepoesia.jor.br/hferraz1.html

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